quarta-feira, 5 de julho de 2017

TRISTE DESPEDIDA


Atropelando uma sequência meio lógica que eu tinha imaginado, queria contar que hoje foi dia de despedida. E dizer adeus para um amigo não é nada fácil.
Bianco se foi. Triste despedida.


Bianco foi um gato valente. E bota valente nisso!
Chegou no quintal batendo nos meus gatos, implicando com o Ringo e mordendo minhas canelas. Ele era mau. Tinha cara de mau e a pele cheia de feridas. Típico gato briguento.
Tolerei seu mau humor porque adoro um gato branco. E por que via que ele vinha faminto. Ele comia desesperadamente, como se aquela vasilha de ração fosse a última da face da terra.
De vez em quando, arriscava um carinho, que nem sempre era bem recebido porque ele era muito desconfiado.
Aos poucos, foi ficando cada vez mais no quintal, depois começou entrar em casa, e, de vez em quando, cheguei flagrá-lo na minha cama! Até que definitivamente escolheu nossa casa como morada.
No início, não participava das brincadeiras dos outros gatos. Acho que ele estava tão focado na própria sobrevivência, que tinha deixado de lado seu espírito brincalhão.
Mas, aos poucos, começou a brincar e foi perdendo o seu terrível hábito de resolver as diferenças na mordida.
Tivemos pouco tempo de convivência (pouco mais de 3 anos), mas ela foi muito rica, por causa da transformação que aconteceu com ele. Nada como carinho e paciência para mudar um mau gênio.
Em pouco tempo, suas feridas desapareceram. Um pouco mais de tempo, seu pelo começou brilhar. Sua cara se transformou. Mais um tempinho, Bianco tornou-se um gato super carinhoso e brincalhão.
Mesmo assim, até bem pouco tempo atrás tinha receio de como ele poderia reagir com uma manipulação que não fosse bem vinda pra ele. Perdi a oportunidade de afundar minha cara na sua barriga, como faço e fiz com alguns de meus gatos. Tive medo da sua reação. Agora vou ficar sem saber se ele ia gostar.
Mas ele tinha um vírus malvado, que se aproveitou de um momento de estresse. Fui viajar, e não sei o que aconteceu durante minha ausência. Quando voltei, já notei que ele tinha emagrecido. Ele começou ter problemas de saúde e perdeu peso rapidamente. Ficou entregue à doença. E o vírus foi mais forte que todo meu carinho e os cuidados que ele recebeu de seus veterinários (Dr. Gustavo e Dr. Tam).
Obrigada, meu querido amigo, por tantos bons momentos. Por me ensinar que o carinho e amor podem fazer a diferença numa vida.
Seja livre e feliz. Um dia a gente se reencontra.


domingo, 1 de janeiro de 2017

Ritual de Natal

Sempre gostei do ritual de enfeitar a casa para as festas de final de ano, principalmente montar a árvore de Natal.
Lembro-me de quando era pequena, na casa de meus pais, tínhamos uma árvore de plástico que imitava bem um pinheiro natural e que era enfeitada com bolas de vidro colorido, algumas com arabescos dourados e que eram lindas, principalmente a que ficava no topo da árvore! Tudo era guardado com muito cuidado. As bolas eram todas embrulhadas em papel de seda e colocadas em caixas de papelão com divisórias. Montar e desmontar a árvore era mesmo um ritual, que minha mãe só deixava participar depois de muita recomendação.

Com o passar dos anos, meus irmãos e eu crescemos, as árvores mudaram, os enfeites também, mas, na época do Natal, o ritual era mantido.
Quando fui morar sozinha, mantive o mesmo costume. Mesmo tendo o Estopa em casa, quase não tinha grandes problemas com a árvore. Nos primeiros dias, é claro, a árvore sofria algumas mudanças e um ou outro enfeite criava vida durante a madrugada, por causa da curiosidade e o espírito brincalhão que é comum a todo gato, mas depois de um tempo ele se acostumava com a nova peça de decoração e deixava a árvore com seus enfeites em paz.
Então, o ritual continuou.
Só que depois de uns anos, a Faísca chegou, e na época das festas ela ainda era filhote e bastante bagunceira. Na minha frente ela era bem comportada,mas quando eu ia dormir ou saía de casa a Faísca literalmente se acendia e junto com o Estopa a coisa pegava fogo!
Dias antes do Natal, lá fui eu para o meu ritual. Justamente no ano anterior tinha comprado uma árvore bem legal e estava ansiosa para remontá-la. Sabiamente, a maioria dos enfeites era a prova de gatos (eram de plástico ou de madeira). Mas justo nesse ano, não resisti e comprei umas mini bolinhas de vidro super coloridas, que achei que dariam um toque especial à minha árvore. Apostei numa árvore bem colorida e cheia de enfeites!
Enquanto montava a árvore, duas criaturas observavam meus movimentos com curiosidade, mas mantinham uma certa distância - disfarçando, para não demonstrar muito interesse (bem típico de gato!).
Terminei a montagem, arrumei alguns enfeites pela casa e na porta de entrada e fui me aprontar para o trabalho. Os gatos foram dormir. Tudo estava bem tranqüilo.
Volto do trabalho, quando abro a porta da sala, uma surpresa! Parecia que havia passado um tornado por lá! A árvore estava tombada no meio da sala, toda distorcida e havia enfeites espalhados por toda casa. Na hora fiquei muito brava, mas depois fiquei triste por ter perdido a farra! Imagino a cena... deve ter sido muito divertido!


E o que parece que fez mais sucesso?!?!? As bolinhas de vidro, é claro! Pois as encontrei nos lugares mais improváveis!!! Passei um tempo recolhendo os enfeites e remontando a árvore. Nem é preciso dizer que a mesma coisa aconteceu várias e várias vezes – era só eu ir dormir ou sair de casa para a árvore aparecer tombada no meio da sala e os enfeites criarem vida pela casa toda! Nunca tinha refeito o ritual tantas vezes!
Quem começava a bagunça?!? Não sei, mas imagino que fosse a Faísca..., mas o Estopa também não era santo e gostava de uma boa farra!!!
Conclusão: Não deu pra esperar as festas, decidi desmontar a árvore, não só por ter que repetir o ritual pelo menos duas vezes ao dia, mas também porque a brincadeira estava ficando perigosa, pois algumas bolinhas se quebravam durante a farra e algum gato poderia acabar machucado. Acho que foi meu primeiro ano sem árvore de Natal!!!

No outro ano, como a Faísca já estava mais “madura” tentei montar a árvore novamente, achando que ela iria se comportar melhor. Mas, enganei-me! Na minha primeira ausência, encontro a árvore no outro canto da sala, quase totalmente sem enfeites!
Quem ficou contente foi a minha faxineira, que ganhou uma árvore praticamente nova!! Só fiquei com alguns enfeites que espalhava em pontos estratégicos da casa. As bolinhas de vidro?!? Sobraram poucas, mas foram embora junto com a árvore.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Sofá Novo (narrativa do Estopa)

Hum! Acho que hoje é dia de limpeza! De novo?! É dia que não tenho sossego!
E ela parece agitada... será que vai acontecer alguma coisa diferente?
Pegou aquele aparelho e está falando sozinha, e parece que alguém está levando bronca.

Agora ela foi para o banho... Então acho que está tudo bem. Vou dar um cochilo.

ZZZZZZZ

Trim... Ops! Aquele aparelhinho que anuncia a chegada de intrusos! Quem será?
Ih! Parece que ela está nervosa...
Barulhos no corredor lá fora. Ela abriu a porta...
Nossa! Dois caras enormes carregando uma coisa bem grande!
Uau! Barulho de sacola plástica... Adoro sacolas plásticas... e esta é das grandes!
Ela está agitada e falando bastante. Que barulhão! Vou me esconder.
...
A porta bateu. Silêncio...
Acho que vou lá verificar o que está acontecendo.
Olha só... a coisa grande ficou! Vamos explorar

O cheiro é bom (sem cheiro de outros gatos)
Hum... É macio. Dá pra dormir nele...

ZZZZZZZZZ

(Gato espreguiçando)
Gostei disso! É bom pra dormir. Bem confortável.
Vamos continuar explorando...

Ah! Esta parte aqui é mais firme e ...Uau! Dá para afiar as unhas!

Trech... trech... trech...

Ih! Acho que me empolguei! Soltou um monte de fios!
Ai, caramba! Nem quero ver a hora que ela chegar! Vou levar uma bronca daquelas. É melhor eu me esconder e nem aparecer na sala, na hora que ela chegar...

Obs.: Mas vou adotá-lo como afiador de unhas preferido.


Estopa curtindo seu sofá / afiador de unhas

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Sofá novo

Quando fui morar sozinha e mudei para meu primeiro apartamento, carreguei poucos objetos comigo. Nem precisou de um caminhão de mudança. Tinha só o básico – um colchão, umas louças, talheres e panelas que ganhei da minha mãe, uma pequena TV que ficava no meu quarto, minhas roupas e muitos livros.
Devagar fui mobiliando meu novo lar. Primeiro, o essencial: fogão, geladeira e um armário para o quarto. Depois, aos poucos, vieram as outras coisas.
Com o tempo foi ficando difícil chegar à noite do trabalho, cansada, e ter que sentar no chão ou num banco de madeira... não dava pra relaxar. Então, assim que pude, comprei um pequeno sofá.
Escolhi um modelo simples de dois lugares, de tecido de tapeçaria, riscadinho colorido, mas de cores escuras. Na loja, marcamos um dia para a entrega e como eu começava ao meio dia no trabalho, pedi que fossem entregar na parte da manhã. Tinha receio de deixar a chave na portaria e eles deixarem o Estopa escapar.
Um dia antes, confirmaram a entrega.
A manhã foi passando e nada do sofá chegar. Quando estava saindo para trabalhar, toca o interfone! O sofá chegou! Pedi que subissem rápido, pra não me atrasar demais para ir trabalhar. Mesmo assim, até que tirassem o sofá do caminhão, entrassem no prédio, subissem no elevador... pelo menos uns vinte minutos. Nisso, já estava super atrasada.
Eles colocaram o sofá no lugar que indiquei, tiraram o plástico e pediram que eu verificasse se estava tudo OK. Mal olhei para o sofá e rapidamente assinei a nota de entrega. Só pensava em dispensar os entregadores e sair pra trabalhar. Peguei a bolsa e saí correndo.

Voltei pra casa, louca para estrear o sofá e poder relaxar! Quando cheguei, já estava escuro, como de costume. Ainda não tinha cortinas na sala e as luzes da igreja ao lado do prédio iluminavam minha sala. Abro a porta e olho para o sofá, com mais atenção do que na hora que os rapazes o entregaram. De repente, meus olhos notaram algo estranho. Num dos apoios de braço, vi que havia vários fios pendurados.
Caramba! Isso é que dar ter pressa - pensei. Os caras trouxeram um sofá com defeito. Eu nem reparei que ele já estava todo desfiado! Fechei a porta, acendi a luz e cheguei mais perto do sofá... Nossa, que estrago!
Mas, retrocedendo um pouco na memória, percebi que tinha olhado sim para o sofá, só não tinha registrado muito bem, porque estava com toda aquela pressa! E não me lembrava de ter algo tão evidente que, com certeza, chamaria minha atenção. Além do mais, cadê o Estopa? (Sempre que eu chegava em casa, ele vinha me esperar na porta. Só não aparecia, quando sabia de antemão que iria levar bronca por algo errado que tivesse feito).
Tinha sido ele!
- ESTOPA!!! Chamei bem alto..., mas ele não apareceu. Sacou que a coisa ia ferver pro lado dele.
Fiquei uns bons minutos tentando recuperar o braço do sofá, com uma agulha de crochê e uma tesoura pequena.
Foi difícil tirar este terrível hábito dele e a agulha de crochê entrou várias vezes em ação. Mas no fundo, ele sabia que estava fazendo errado, pois ele só se atrevia a afiar as unhas no sofá quando eu não estava em casa, ou dormindo!
Ah... Gatinho danado!


terça-feira, 25 de outubro de 2016

O primeiro... Viva!

Quando fui morar sozinha, a primeira providência que tomei foi arrumar um gatinho pra morar comigo.
Opções não faltavam, já que onde eu trabalhava sempre sabíamos de animais para adoção, mas ganhei um muito especial, presente de minha querida amiga Mirian. A gata dela estava prenha e ela já tinha me prometido um filhote...
Fui visitar a ninhada. Eram cinco lindos bebês.


Logo me apaixonei por um: Ele era quase todo branco, mas tinha umas leves manchas bege no dorso. Era um macho. Uma graça. Escolha feita, aguardei ansiosamente o dia que poderia levá-lo para casa.

Antes mesmo de trazê-lo para casa, fiquei horas pensando qual seria seu nome. Queria um nome curto, fácil e de impacto... (bom também na hora de dar uma bronca...!!!). Um nome veio à cabeça: Paco. Hum! Acho que seria uma boa opção.
Chegou o dia de buscá-lo. Peguei-o nas vésperas do Natal. Como fui passar as festas com a família no interior, na casa da minha tia, carreguei Paco comigo, que foi a sensação daquele Natal. A ala da família que gosta de bichos se encantou com ele. Brincava sem cansar. Explorava todo e qualquer espaço.
Quem não curtiu muito foi o Buba, gato da minha tia, que não estava muito a fim de tanta brincadeira, mas o Paco não se importava e tudo era motivo pra correr e rolar pela casa. Ele se enfiava embaixo das camas, dos móveis, trazendo consigo alguns pelos acumulados do Buba.

Observando as estripulias do gatinho, meu tio fez um comentário interessante: Puxa esse bichinho está limpando a casa toda; parece um pedaço de estopa! Todo mundo caiu na risada! E não é que ele tinha me dado uma boa ideia?!
Então, o Paco voltou pra casa com outro nome, que foi o seu para o resto da vida: Estopa!

Obs.: Estopa, pra quem não sabe, é um emaranhado de fios que normalmente é usado por mecânicos para limpeza de peças. Meu pai usava bastante!

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Vida adulta & Profissão

Já na faculdade, queria ter contato com todos os tipos de bichos e logo saber como cuidar deles! No primeiro ano, estava sempre andando pelos corredores próximos ao hospital veterinário para interagir com os animais.
Não raro via um dono olhando com estranheza para o cão que eu acariciava, dizendo que era bravo e que não gostava que estranhos..., mas acho que eu chegava com tanto carinho que o animal não reagia.
Por outro lado, nesta fase do curso, nosso contato com os animais era muito pequeno e também sofri muito por ver como os animais eram mantidos no canil e a maneira como os cães eram sacrificados para nossas aulas práticas de anatomia. Os dois primeiros anos de faculdade foram difíceis e quase desisti de terminar o curso e seguir a profissão. Mas de qualquer forma, o destino colocou as pessoas certas no meu caminho e acabei terminando a faculdade e exercendo a profissão por pouco mais de 20 anos.

Nesse período, vi de tudo um pouco. Aprendi muita coisa. Vivenciei cenas inesquecíveis! Poder estar perto de tantos bichos, isso sempre fez vibrar o amor dentro do meu coração.
Tive muitas decepções com pessoas, até porque construí expectativas em cima delas, eu sei. Mas, em momento algum, meu carinho e afeição pelos animais mudou ou acredito que irá mudar.

Hj moro num lugar onde tenho novamente a oportunidade de ter mais contato com a natureza e me vejo curtindo as mesmas coisas da minha infância. Joaninhas de todos os tipos, lagartas se transformando em lindas borboletas, lindos pássaros com seus cantos e até mesmo os vagalumes que fazia muito tempo que não via mais!!!! Mas hoje já não sinto mais a necessidade de colocá-los em caixas, garrafas ou gaiolas (com o tempo vamos ficando mais sensatos!).

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Amarelinho!

O único bichinho que consegui ter em casa, quando morava com meus pais, foi um canário. O nome dele era Roberto Carlos, escolhi o nome porque ele cantava demais e seu canto era magnífico. Ele era amarelo e tinha um topete marron, que lhe dava um charme especial. Foi presente do meu padrinho, o vô Juca. Talvez por ser um presente dele, meus pais aceitaram, mas o canarinho se tornou alvo de muita polêmica... Quando chegavam as férias, meu pai queria viajar, então tínhamos que arrumar um lugar pra deixar o RC...O triste é que ele ficava meio deprimido por ter que mudar de casa e quando íamos buscá-lo de volta, ficava dias sem cantar e a pessoa que cuidava dele nesse período dizia que ele quase nem comia. Outro problema era a limpeza da gaiola! Minha mãe brigava comigo quase todos os dias, porque como eu quis ter o passarinho, era obrigação minha cuidar dele, comprando comida, limpando a gaiola, colocando ele um pouco no sol... Olha, era um pé no saco! Mas hoje sei que minha mãe tinha razão.

Depois de um tempo, o Roberto ganhou um companheiro, que ,obviamente, recebeu o nome de Erasmo, mas ele não era meu e ficou provisoriamente em casa, porque na verdade era um presente que minha tia (a mesma que era dona do Dique e do Banzé) pediu para o meu padrinho, que era criador de canários. O RC e o Erasmo tornaram-se super chegados e cantavam feito doidos, quase o tempo todo, principalmente nos dias ensolarados; era uma dupla e tanto. Parecia até que competiam pra ver quem cantava mais e melhor!
E aí, quando chegou a hora de levar o Erasmo pra minha tia, meus pais me convenceram de que seria melhor que levássemos também o Roberto... e a dupla foi cantar em outro quintal.

Hoje não sou a favor de prender pássaros em gaiolas, mas me lembro que na época afeiçoei-me muito ao Roberto Carlos e ter ele por perto era um motivo de muita alegria pra mim!