Devagar fui mobiliando meu novo lar. Primeiro, o essencial: fogão, geladeira e um armário para o quarto. Depois, aos poucos, vieram as outras coisas.
Com o tempo foi ficando difícil chegar à noite do trabalho, cansada, e ter que sentar no chão ou num banco de madeira... não dava pra relaxar. Então, assim que pude, comprei um pequeno sofá.
Escolhi um modelo simples de dois lugares, de tecido de tapeçaria, riscadinho colorido, mas de cores escuras. Na loja, marcamos um dia para a entrega e como eu começava ao meio dia no trabalho, pedi que fossem entregar na parte da manhã. Tinha receio de deixar a chave na portaria e eles deixarem o Estopa escapar.
Um dia antes, confirmaram a entrega.
A manhã foi passando e nada do sofá chegar. Quando estava saindo para trabalhar, toca o interfone! O sofá chegou! Pedi que subissem rápido, pra não me atrasar demais para ir trabalhar. Mesmo assim, até que tirassem o sofá do caminhão, entrassem no prédio, subissem no elevador... pelo menos uns vinte minutos. Nisso, já estava super atrasada.
Eles colocaram o sofá no lugar que indiquei, tiraram o plástico e pediram que eu verificasse se estava tudo OK. Mal olhei para o sofá e rapidamente assinei a nota de entrega. Só pensava em dispensar os entregadores e sair pra trabalhar. Peguei a bolsa e saí correndo.
Voltei pra casa, louca para estrear o sofá e poder relaxar! Quando cheguei, já estava escuro, como de costume. Ainda não tinha cortinas na sala e as luzes da igreja ao lado do prédio iluminavam minha sala. Abro a porta e olho para o sofá, com mais atenção do que na hora que os rapazes o entregaram. De repente, meus olhos notaram algo estranho. Num dos apoios de braço, vi que havia vários fios pendurados.
Caramba! Isso é que dar ter pressa - pensei. Os caras trouxeram um sofá com defeito. Eu nem reparei que ele já estava todo desfiado! Fechei a porta, acendi a luz e cheguei mais perto do sofá... Nossa, que estrago!
Mas, retrocedendo um pouco na memória, percebi que tinha olhado sim para o sofá, só não tinha registrado muito bem, porque estava com toda aquela pressa! E não me lembrava de ter algo tão evidente que, com certeza, chamaria minha atenção. Além do mais, cadê o Estopa? (Sempre que eu chegava em casa, ele vinha me esperar na porta. Só não aparecia, quando sabia de antemão que iria levar bronca por algo errado que tivesse feito).
Tinha sido ele!
- ESTOPA
Fiquei uns bons minutos tentando recuperar o braço do sofá, com uma agulha de crochê e uma tesoura pequena.
Foi difícil tirar este terrível hábito dele e a agulha de crochê entrou várias vezes em ação. Mas no fundo, ele sabia que estava fazendo errado, pois ele só se atrevia a afiar as unhas no sofá quando eu não estava em casa, ou dormindo!
Ah... Gatinho danado!

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